14 de mai. de 2014

Amor Com ou Sem Condição? Comentários sobre os diversos modos de se fazer reconhecer .



Este ano o Dia das Mães no Facebook me surpreendeu com tamanha expressão de amorosidade, saudade e reconhecimento pelas mulheres cuja vida foi dedicada com uma grandeza de ternura e paixão imensa por aqueles que lhe chamavam de mãe. E assim escutei na leitura de diversas manifestações a frase tão desejada, almejada e popular entre nós: “amor incondicional”.

Que amor é esse que torna tudo tão mais fácil, mais quente, mais animado? Pois me parece que esse amor não existe fora da imaginação de cada filho cuja mãe lhe prometeu um lugar seguro e harmonioso. E fez dessa crença sua maior garantia de que o filho, este que tinha grandes sonhos de romper fronteiras e inaugurar novas rotas, se tornasse “o bom filho que a casa retorna”.

Amor de verdade, de mãe, de pai, de irmão, de amigo, de parceiro/a não é nem nunca foi incondicional. Os pais são pais de seu narcisismo. Amam aquilo que reconhecem, educam os filhos na direção de quem são ou de seus sonhos. Sim, o amor é imenso! Não o de todos (estão aí em todos os jornais os pais perversos cujo amor pelos filhos inexistia), mas de muitos que estão incluídos num processo civilizatório. O amor só se sustenta no olhar do Outro. No olhar como espelho. Enquanto reflete o nosso ideal faz o sujeito suportar desatinos, contradições, desaforos, ingratidões, traições e até uns tabefes. E esse imenso amor, fruto da ilusão humana, produz lindos comerciais de margarina e sabão em pó onde toda mulher é protagonista como mãe, dona de casa e esposa perfeita amando incondicionalmente seus filhos educados, carinhosos, divertidos e bonitos.

Lindas são as cenas de amor que não incluem os desencontros, a miséria, fome, doenças. Amor verdadeiramente cúmplice, verdadeiramente correspondido. Seja por mães e pais em relação aos seus filhos ou de seus filhos pelos pais, ou de companheiros, etc. Mas não se constrói e nem se sustenta esse amor de graça, sem condição. O príncipe que enfrenta dragões por uma princesa que nem conhece está nos livros. E mesmo nas estórias românticas dos contos de fadas bem como nos encontros virtuais, as mocinhas e mocinhos estão investidos de esperanças, insuflam-se da imagem daquele ideal que se procura. Cada mirada, cada espelho que se cruza é a possibilidade de um arco íris que se formará projetando o pote de ouro no seu final. Assim é quando a mamãe amamenta seu bebê. Assim é no amor que tem coragem de ser.

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